“70% do investimento é feito na instalação e vai ter efeitos na vida do povoamento”

Partilha. Esta é uma das palavras-chave das sessões de informação do Projecto Melhor Eucalipto. Mas em Santiago do Cacém, a palavra-chave tornou-se em mote. Oradores partilharam as suas apresentações, mas também as suas dúvidas e a sua experiência no campo. O público partilhou as suas dúvidas, mas também a experiência de quem anda há muitos anos no campo.

A partilha decorreu em Santiago do Cacém no dia 31 de Março, durante mais uma sessão de informação com a marca Projecto Melhor Eucalipto, que contou com cerca de 40 participantes.

“Há áreas importantes de eucalipto em subprodução. Contamos com a ajuda dos técnicos da CELPA”, afirmou Pedro Silveira, director da Associação de Produtores Florestais do Vale do Sado (ANSUB), que deu as boas-vindas ao público da sessão.

Desenvolvida em parceria com a UNAC (União da Floresta Mediterrânica), a sessão de Santiago do Cacém teve como tema de abertura a certificação florestal, assunto fundamental para quem quer gerir o seu povoamento da melhor forma e ver valorizado o produto à porta de fábrica. José Luís Carvalho, da The Navigator Company, foi o orador de “serviço”, tendo mostrado aos produtores florestais presentes como se podem certificar, qual é a melhor forma de o fazer e a importância que a certificação tem para as empresas cujos produtos florestais são a sua matéria-prima, o que acontece com a pasta e papel.

Clara Araújo, da Altri Florestal, abordou depois o tema do Planeamento Florestal. “O planeamento é necessário para ter uma floresta de futuro”, considerou. “70% do investimento é feito na instalação e vai ter efeitos na vida do povoamento. Com uma instalação bem feita e bem pensada consegue-se obter a melhor produtividade”.

Concretamente sobre a preparação de terreno, Clara Araújo sublinhou que “uma boa preparação de terreno minimiza os impactos que a mecanização pode ter no solo”. Entre os métodos a evitar estão a inversão de horizontes, nomeadamente através da utilização de balde.

Sobre a escolha de plantas, Clara Araújo aconselha que tenha em conta a aptidão do solo e do clima, devendo contactar os viveiros florestais certificados para obter informação acerca da melhor planta para o seu terreno. No que respeita às pragas e doenças que atingem os eucaliptais, tema que interessou bastante ao público presente, que apresentou alguns casos concretos, Clara Araújo referiu que para o problema da Phoracanta, que atinge a zona de Santiago do Cacém, a utilização de densidades à plantação adequadas poderá ser uma das formas de minimizar o problema. Já na saída de campo, que decorreu na Herdade de Morgavel, próximo de Sines, falou-se também da hipótese de colocar armadilhas para este insecto e das experiências realizadas pelas empresas associadas da CELPA com um insecto que parasita os ovos da Phoracanta e acaba por evitar o seu crescimento.

Acerca do tema da adubação – abordado tanto por Clara Araújo como por José Rafael, da The Navigator Company, a ideia a reter é que deve ser feita uma caracterização do solo antes de decidir o tipo de adubo a utilizar e que a adubação pode de facto marcar a diferença no crescimento do povoamento. “Se não fertilizarmos na primeira fase, as perdas são irreversíveis”, considera José Rafael, da The Navigator Company, que destacou ainda a importância dos resíduos orgânicos na riqueza do solo. “Um solo saudável é um sistema biológico vivo. Na região Sul há tendência para se retirar tudo da mata, com medo dos incêndios ou para utilizar como biomassa, mas é a matéria orgânica que fornece nutrientes”, afirmou, apelando a que não se remova tudo do terreno.

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